Mês: fevereiro 2022

Como adquirir títulos para pontuação no SAMU?

Aula prática de Socorrismo em Dois Irmãos (RS)

Como adquirir títulos para pontuação no SAMU?

Em um mercado concorrido, muitos almejam adquirir títulos para o ingresso no SAMU para ascender em sua colocação. Algumas regiões optam pelo Processo Seletivo Simplificado (PSS), para contratação temporária onde não há prova de concurso mas sim uma seleção de currículos seguido de uma avaliação de títulos.

Isto é, além de um currículo de acordo com os pré-requisitos, é essencial um somatório de títulos significante para uma boa classificação para seleção.

Seleção e classificação para o SAMU

Editais são criados de acordo com as necessidades de cada município, podendo ter diferentes etapas e até mesmo critérios. Mas de modo geral, editais de seleção do SAMU e outros concursos possuem o seguinte padrão:

I – Inscrição e apresentação dos documentos conforme requisitos;

II – Seleção: onde são escolhidos os currículos mais adequados que serão classificados e as maiores pontuações;

III – Classificação da pontuação de títulos do maior para o menor (quanto maior a pontuação, melhor classificado).

O que são títulos? Quais cursos contam ponto?

Títulos são qualificações profissionais, geralmente em forma de cursos, especializações, treinamentos ou experiência profissional comprovada. Cada título possui uma pontuação de acordo com o edital específico, podendo o mesmo título valer mais ou menos em cada edital.

São alguns dos títulos reconhecidos:

Por exemplo, no caso de profissionais de Enfermagem já formados, com diploma e registro ativo no Conselho Regional de Enfermagem, existem alguns títulos que dão pontos de acordo com o peso atribuído pela equipe seletora. Mais abaixo veremos um exemplo de um edital para comparação de pontuação.

  • Especialização: com certificado válido pelo MEC ou equivalência comprovada de pelo menos 10 anos na mesma especialidade;
    • Emergência, trauma e terapia intensiva contam mais pontos;
    • Outras áreas de especialização contam menos pontos.
  • Cursos
    • ACLS, PHTLS, PALS, ATLS contam uma pontuação individual, podendo ser somado cada curso, agregando um valor mais alto;
    • BLS geralmente conta menos pontos;
    • Curso de urgências com mais de 40h/aula contam pontos;
    • Curso de pós-graduação em outras áreas contam pontos também;
  • Tempo de trabalho no SAMU ou atendimento pré-hospitalar em serviço público – pontos por cada ano de serviço;
  • Tempo de trabalho em UTI móvel privada – menos pontos que SAMU;
  • Atividade de gestão na área de urgência/emergência;
  • Atividade técnica em urgência/emergência hospitalar.

Qual a importância de cursos intensivos?

Como podemos ver, ter apenas um curso como o PHTLS é de demasiada relevância para desempate em seleções, mas ter vários dos cursos intensivos que contam pontos separados (PHTLS, ATLS, ACLS, PALS e BLS), em conjunto acaba tendo um grande peso, podendo colocar a pessoa muito a frente de outros concorrentes.

Além disso, mesmo cursos não listados separadamente são avaliados na grade curricular, então cursos como o AMLS, FAST e ATCN também acabam pesando na hora da seleção.

A experiência agregada por esses cursos é grande o suficiente para eles terem pontuações individuais, e mais do que isso, eles são intensivos que podem ser realizados em geralmente 2 dias, podendo ser uma forma rápida de somar mais pontos.

Estar sempre a frente em processos seletivos é a melhor forma de conseguir uma boa posição no mercado de trabalho concorrido.

Bibliografia:

Edital do Processo seletivo simplificado do SAMU de Passo Fundo, RS –  http://www.pmpf.rs.gov.br/files/edital_16_16_retificativa.pdf

Primeiros socorros em acidentes domésticos

Primeiros socorros em acidentes domésticos

Acidentes domésticos costumam ser bem comuns e, em sua maioria, não apresentam grande perigo. Contudo, observações menos superficiais devem ser realizadas em busca de outros possíveis danos, que talvez, se ocultem pela sua aparente inocuidade. Apesar da esporadicidade de eventos mais graves, os conhecimentos em atendimentos pré-hospitalares podem contribuir expressivamente para que danos permanentes não se estabeleçam.

Os episódios de acidentes dométicos mais recorrentes são queimaduras, sangramento do nariz (epistaxe), intoxicação, cortes, choques elétricos, quedas, asfixia e mordidas. Posto isso, confira cada tipo dos acidentes aqui mencionados, o que fazer e como evitá-los:

1. Queimaduras

Queimadura é toda lesão provocada pelo contato direto com alguma fonte de calor ou frio, produtos químicos, corrente elétrica, radiação, ou mesmo alguns animais e plantas (como larvas, água-viva, urtiga), entre outros. Se a queimadura atingir 10% do corpo de uma criança ela corre sério risco. Já em adultos, o risco existe se a área atingida for superior a 15%.

As queimaduras podem surgir devido à exposição prolongada ao sol ou a fontes de calor, como fogo ou água fervente, por exemplo, e o que se deve fazer inclui:

  1. Colocar a região afetada debaixo de água fria por 15 minutos, no caso de objetos quentes, ou aplicar creme de babosa, no caso de queimadura solar;
  2. Evitar esfregar qualquer tipo de produto, como manteiga ou óleo;
  3. Não furar as bolhas que podem surgir na pele queimada.

As queimaduras de segundo grau são caracterizadas pela presença de bolhas e inchaço local. Neste caso, as camadas intermediárias da pele também foram queimadas, e por isso é importante que, além de deixar o ferimento em água fria por 15 minutos, também se faça uma compressa com gaze molhada durante as primeiras 48 horas, trocando a gaze sempre que a água esquentar.

Em casos de queimadura de terceiro grau, a única coisa a se fazer é cobrir a área afetada com uma gaze esterilizada e ir imediatamente para o pronto socorro ou ligar para a emergência. As consequências de queimaduras de terceiro grau são muito sérias, podendo levar à morte. 

2. Sangramento pelo nariz

A epistaxe, caracterizada pelo sangramento nasal, é uma manifestação relativamente comum e que atinge pessoas de qualquer idade. A estimativa é de que mais da metade da população adulta já tenha passado por pelo menos um episódio de hemorragia ao longo da vida, o que pode estar associado a diferentes fatores.

Embora cause um grande desconforto, o sangramento nasal não costuma representar gravidade e muitas vezes pode ser resolvido de maneira simples, sem a necessidade de intervenção médica. Este geralmente é um problema autolimitado, em que o sangramento cessa sozinho após um tempo, mas existem casos em que pode ser necessária a realização de um procedimento. 

Para parar o sangramento deve-se:

  1. Sentar e inclinar a cabeça para a frente;
  2. Apertar as narinas com o polegar e indicador durante pelo menos 10 minutos;
  3. Após parar o sangramento, limpar o nariz e a boca, sem fazer pressão, utilizando uma compressa ou pano molhado com água morna;
  4. Não assoar o nariz durante pelo menos 4 horas após o nariz sangrar.

se surgirem outros sintomas como tonturas, desmaio ou sangramentos nos olhos e ouvidos. Nestes casos deve-se chamar uma ambulância, ligando o 192, ou ir imediatamente ao pronto-socorro.

A epistaxe pode ser evitada não se expondo muito tempo ao sol ou a temperaturas muito altas, pois o calor dilata as veias do nariz, facilitando o sangramento.

3.Intoxicação ou envenenamento

A intoxicação é mais frequente em crianças devido à ingestão acidental de medicamentos ou produtos de limpeza que estão ao seu alcance.

Geralmente, as intoxicações ocorrem nos horários que antecedem as refeições: das 10 às 12 horas e das 17 às 20 horas; Também, quando a rotina da casa muda, por exemplo, durante as férias, mudança, quando há convidados, problemas na família. Nestes casos, o que se deve fazer imediatamente é:

  1. Chamar ajuda médica, ligando o 192;
  2. Identificar a fonte do envenenamento;
  3. Manter a vítima calma até a chegada da ajuda médica.

Para evitar situações como essas mantenha todos os produtos tóxicos em local seguro e trancado, fora do alcance das mãos e dos olhos das crianças, de modo a não despertar sua curiosidade. Para ajudar a prevenir intoxicações com remédios ou produtos de limpeza adquira, se possível, produtos com trava de segurança. As mais frequentes intoxicações em crianças são causadas por remédios, produtos de uso doméstico, como alvejantes, querosene, polidores de móveis, tintas, solventes, detergentes, inseticidas.

4. Cortes

Os cortes podem ser provocados por objetos cortantes, como faca ou tesoura, assim como objetos perfurantes, como pregos ou agulhas, por exemplo. Os primeiros socorros incluem:

  1. Fazer pressão sobre o local com um pano limpo;
  2. Lavar a região com soro fisiológico ou com água e sabão, após estancar a hemorragia;
  3. Cobrir o ferimento com um curativo esterilizado;
  4. Evitar retirar objetos que estejam perfurando a pele;
  5. Ligar para o 192 ou ir ao pronto-socorro se existirem objetos perfurando a pele.

Para evitar cortes e arranhões, evite atividades perigosas e interações com superfícies afiadas ou grosseiras. Use roupas para proteger seus braços, pernas e tronco e esteja ciente de seu ambiente. Se você fizer um corte ou arranhão, limpe e trate-o imediatamente para evitar a infecção.

5. Choque elétrico

As ocorrências de choques elétricos são mais comuns em crianças devido à desproteção das tomadas, mas também se dão com adultos pela utilização de equipamentos eletrônicos com falta de manutenção. Em caso de choque elétrico, a primeira coisa a ser feita é desligar o quadro geral de energia para cortar a alimentação de carga elétrica à vítima, caso ela ainda esteja conectada à fonte.

Depois, é preciso afastar a vítima do objeto que provocou o choque. Isso deve ser feito com um item de madeira, plástico ou borracha, que não são condutores de energia. Caso a vítima esteja em pé, é importante deitá-la para que ela não sofra uma queda após o choque. Nesses casos o que se deve fazer é:

  1. Desligar o quadro geral de energia;
  2. Afastar a vítima da fonte elétrica utilizando objetos de madeira, plástico ou borracha;
  3. Deitar a vítima para evitar quedas e fraturas após o choque elétrico;
  4. Chamar uma ambulância, ligando para o 192.

deve-se fazer a manutenção dos aparelhos eletrônicos de acordo com a indicação do fabricante, assim como evitar utilizar ou ligar fontes elétricas com as mãos úmidas. Além disso, caso existam crianças em casa, é recomendado proteger as tomadas da parede para evitar que a criança introduza os dedos na corrente elétrica.

6. Quedas

Atire a primeira pedra quem nunca levou um tropeção ou um tombo sem querer. As quedas geralmente ocorrem quando se tropeça em algo ou ao escorregar em um piso molhado, por exemplo, ou mesmo quando se está no topo de algum objeto alto, como uma escada ou uma cadeira. A primeira coisa a se fazer é verificar se houve desmaio ou se a vítima está inconsciente. Nesses casos, ligue para o 192 ou leve a vítima para o hospital imediatamente. 

Para evitar que eventos assim se sucedam deve-se evitar ficar de pé em cima de objetos altos ou instáveis, assim como utilizar sapatos bem ajustados ao pé, por exemplo.

7. Asfixia

A asfixia normalmente é provocada por engasgamento que pode acontecer, mais frequentemente, ao comer ou ao engolir objetos pequenos, como tampa de uma caneta, brinquedos ou moedas, por exemplo. Os primeiros socorros neste caso são:

  1. Bater 5 vezes no meio das costas da vítima, mantendo a mão aberta e num movimento rápido de baixo para cima;
  2. Fazer a manobra de Heimlich, caso a pessoa continue engasgada. Para isso, deve-se segurar a vítima por trás, passar os braços à volta do tronco e fazer pressão com um punho cerrado sobre a boca do estômago. Veja como fazer a manobra corretamente;
  3. Chamar ajuda médica, ligando para o 192, caso a pessoa continue engasgada após a manobra.

Para evitar a asfixia é aconselhado é aconselhado mastigar corretamente os alimentos e evitar comer pedaços muito grandes de pão ou carne, por exemplo. Além disso, também se deve evitar colocar objetos pequenos na boca ou oferecer brinquedos com peças pequenas para as crianças.

8. Mordidas

As mordidas ou picadas podem ser provocadas por vários tipos de animal, como cão, abelha, cobra, aranha ou formiga e, por isso, o tratamento pode variar. No entanto, os primeiros socorros para mordidas são:

  1. Chamar ajuda médica, ligando para o 192;
  2. Deitar a vítima e manter a região afetada abaixo do nível do coração;
  3. Lavar a região da mordida com água e sabão;
  4. Evitar fazer torniquete, sugar o veneno ou espremer o local da mordida.

Recomenda-se colocar redes nas janelas e portas para evitar a entrada de animais peçonhentos dentro de casa, evitando assim possíveis acidentes.

E aí, ainda ficou com alguma dúvida sobre esse assunto? Deixe um comentário com a sua pergunta que responderemos!

Golden Hour? – Tempo de Atendimento Pré-Hospitalar e Mortalidade em Vítimas de Trauma

Golden Hour? – Tempo de Atendimento Pré-Hospitalar e Mortalidade em Vítimas de Trauma

Hoje trataremos de algo extremamente necessário para o entendimeto de profissionais que atuam no atendimento pré-hospitalar: compreender a necessidade de não perder minutos importantes na cena com intervenções que podem não ser benéficas e que podem impactar na sobrevida do paciente vítima de trauma no pré-hospitalar. Comentem como está a realidade de vocês nessa questão fundamental. Boa leitura!

Criado em meados dos anos 70 do século passado, o termo “golden hour” (do inglês: hora de ouro) é definido como aquele período crucial (que não necessariamente é de 60 minutos) para intervenções que podem aumentar a chance de sobrevida de um paciente traumatizado grave1. Sabe-se que boa parte das vítimas graves de trauma que não morrem imediatamente ao trauma, vão morrer pouco tempo depois , em sua maioria, por choque hemorrágico.

A partir daí, aninda observam-se nos dias de hoje, discussões sobre qual seria a maneira mais adequada de atender esse grupo de pacientes no ambiente pré-hospitalar. A conhecida dicotomia “scoop and run” (algo como pranchar e correr, em tradução livre) versus “stay and play” (permancer na cena e intervir, também em uma tradução livre)2 em geral expõe, respectivamente, as formas de atendimento em sistemas pré-hospitalares de emergência baseados na atuação de paramédicos (como nos EUA) e de sistemas com médicos nas equipes (como em alguns países da Europa aqui no Brasil).

Intervenções como intubação traqueal, instalação de acessos venosos para infusão de soluções cristalóides e/ou de drogas, além de imobilizações ocorrem quase sempre no paciente traumatizado grave durante o atendimento pré-hospitalar (APH). Questiona-se se intervenções dessa natureza não consumiriam um tempo considerável do APH, podendo, desa forma, aumentar a mortalidade dessas vítimas.

Daí surge a pergunta : como equilibrar o peso de uma intervenção em benefício do paciente com o tempo gasto para realiza-lá?

Já que o Sistema de Emergência Pré-Hospitalar adotado aqui no Brasil dispões de médicos nas equipes de suporte avançado de vida, podemos usar exemplos de sistemas parecidos que existem em outros países para tentar responder à essa pergunta.

Em setembro de 2019, Gauss et al.3 publicaram o seguinte artigo:

É um estudo observacional (coorte) que utilizou dados coletados prospectivmente de dois registros multicêntricos de Trauma na França: o TraumaBase (região urbana em Paris e entorno com uma população de 12 milhões e 15 milões de visitantes por ano) e TRENAU (região rural e de montanha nos Alpes franceses com uma população de 2 milhões de pessoas e 8 milhões de visitantes por ano).

A hipótese do estudo foi de que um tempo total prolongado de APH em vítimas traumatizadas graves estaria associado a um aumento da mortalidade intra-hospitalar. Os pacientes foram atendidos no ambiente pré-hospitalar pelo SAMU francês (que também possui médicos tripulando as ambulâncias como parte da equipe de suporte avançado de vida) em ambas as regiões mencionadas anteriormente.

O tempo total de APH (TTAPH) foi calculado a partir do horário da chegada na cena de APH atéo horário da chegada no hospital de destino ds vítimas de trauma.

10.216 adultos atendidos pelo SAMU francês foram incluídos foram incluídos na análise. A média de idade foi de 41 anos. 78% dos pacientes eram do sexo masculino. 91,5% foram vítimas do trauma contuso com um ISS (Injury Severity Score) médio de 17 (para saber mais sobre a ISS clique aqui). 55% foram vítimas de acidentes de trânsito e 30% de quedas. 1259 pacientes (12,4%) apresentam PAS < 90 mmHg E 2724 pacientes (26,9%) tiveram TCE grave. 73,4% dos pacientes foram transportados por ambulância terrestre. 89,8% foram admitidos no centro de trauma de referência . 2321 (23%) pacientes foram submetidos à intubação traqueal na cena.

A mediana do TTAPH em ambos os registros foi de 65 minutos (As medianas de TTAPH apenas do TraumaBase e do TRENAU foram de 73 minutos e de 60 minutos, respectivamente). 4067 pacientes (40,2%) tiveram um TTAPH menor do que 60 minutos.

Como pode ser observado na atabela abaixo, à medida em que o TTAPH aumenta, a porcentagem de óbitos também aumenta. Portanto, nesse estudo, houve uma associação do aumento da mortalidade das vítimas de trauma com o prolongamento do TTAPH.

Também foi visto que a cada 10 minutos a mais no TTAPH as chances de óbito aumentaram em 9%  [OR 1,09 IC 95% (1,07-1,11)].

Os autores discutem que “embora o TTAPH tenha sido considerado uma variável independente para aumentar a mortalidade intra-hospitalar, ele permance dependente de outras variáveis como alterações fisiológicas do paciente, a gravidade das lesões e as intervenções realizadas no APH”.

É poposto então que seja superada a dicotomia “scoop and run” versus “stay and play” com uma relação entre o tempo despendido na cena e as intervenções realizadas para atender ás necessidades críticas dos traumatizados graves. Essa relação tempo-intervenção implica que o tempo necessário para cada iintervenção no APH seja adaptado a cada paciente e compensado por seu potencial ganho na sobrevida da vítima. Exemplos de situações que a relação tempo-intervenção implica que o tempo necessário para cada interveção no APH seja adaptado a cada paciente e compensado por seu potencial ganho na sobrevida da vítima.

Exemplos de situações que a relação tempo-intervenção é otimizda:

a) paciente com a pelve instável sendo uma possível fonte de sangramento que está causando um choque hemorrágico e a intervenção imediata é a imobilização pélvica com rápido transporte desse paciente para um centro de trauma;

b) hemorragia exsanguinante por um trauma em um membro e a conduta imediata é a utilização de um torniquete com transporte rápido ao centro de trauma.

Uma limitação importante do estudo foi que somente pacientes que chegaram vivos nos centros de trauma foram incluídos, o que pode gerar um viés de seleção, visto que os pacientes que chegaram vivos nos centros de trauma foram incluídos, o que pode gerar um viés de seleção, visto que os pacientes que morrem mais precocemente na cena poderiam impactar na associação TTAPH e mortalidade.

Referências:

  1. Ellis R, Wick P. 2018. PHTLS: Past, Present and Future. In: PHTLS – Prehospital Trauma Life Support. 9th edition. Burlington, Massachusetts: Jones & Bartlett Learning;
  2. Maegele M. In Acute Trauma Care, Time Matters but is not Everything. JAMA Surg 2019 Sep 25 [Epub ahead of print];
  3. Gauss et al. Association of Prehospital Time to In-Hospital Trauma Mortality in a Physician-Staffed Emergency Medicine System. JAMA Surg. 2019 Sep 25 [Epub ahead of print].

Nem tudo que “treme” é uma convulsão: pode ser uma parada cardíaca

Nem tudo que “treme” é uma convulsão: pode ser uma parada cardíaca

Este post é principalmente para quem trabalha com Regulação Médica em serviços de Atendimento Pré-Hospitalar de Emergência. Mas vale também para o atendimento daquele paciente que chega “convulsionando” na Sala de Emergência.

Uma das grandes qualidades dos profissionais que trabalham com atendimentos de Emergência é a capacidade de se antecipar às situações que vão abordar. É o famoso “estar ligado” nas condições que se apresentam.

Conforme os resultados de um estudo recente1, cerca de 4% das “convulsões” são na verdade paradas cardíacas (mais resultados serão mostrados em seguida). Apesar da baixa porcentagem de casos, ficar atento a essa forma de apresentação pode potencializar a chance de sobrevida dessas vítimas de parada cardiorrespiratória (PCR).

O problema primário durante a PCR é a perda súbita da perfusão cerebral. Como grande parte das vezes isso pode ser devido a uma fibrilação ventricular, alguns pacientes apresentam movimentos ou permanecem em uma posição rígida e isso é interpretado como uma crise convulsiva.

Veja nos quadros abaixo informações e resultados do estudo já mencionado anteriormente:

Adaptado de Schwarzkoph M et al.1

Adaptado de Schwarzkoph M et al.1

Outro resultado que chamou a atenção foi que, nos pacientes que tiveram atividade semelhante à convulsão durante a ligação telefônica, a duração (mediana) dessa atividade foi de 80 s. Portanto, a “crise” em geral parece ter uma duração breve.

Apesar dos atrasos significativos no reconhecimento da PCR e para iniciar a RCP nos pacientes com atividade semelhante à crise convulsiva, esse grupo de pacientes, no estudo, teve uma taxa de sobrevida maior do que o grupo em que não foi vista a “convulsão” como apresentação inicial da PCR.

Os autores observaram então que, durante o atendimento telefônico, se for descrita uma situação semelhante a uma crise convulsiva cuja duração for relativamente breve, deve-se atentar para a presença de respiração agônica (esta foi mais prevalente no grupo “convulsão” do que no grupo sem convulsão no estudo) e verificar se não há história prévia de convulsões. Tudo isso agregado aumenta a chance de ser uma PCR ao invés de uma crise convulsiva. Ao reconhecer a parada cardíaca, deve-se orientar sobre a realização de compressões torácicas enquanto as equipes das ambulâncias deslocam para o atendimento na cena.

“O mesmo raciocínio vale para a Sala de Emergência. Lembro-me de um caso em que uma paciente chegou à classificação de risco com queixa de dor torácica. Foi encaminhada para a realização de um eletrocardiograma e “convulsionou” durante o exame. Quando nos comunicaram na Sala de Emergência que essa paciente tinha “convulsionado na sala do Eletro”, rapidamente pedimos para trazê-la para a Emergência e já puxamos o carrinho de parada. Resumindo: ela estava em FV e foi rapidamente desfibrilada, retornando à circulação espontânea dois minutos depois. Apresentava um infarto com supra de ST no pós-PCR imediato. Tomamos as medidas necessárias e ela sobreviveu.”

Referência

1-Schwarzkoph M et al. Seizure-like presentation in OHCA creates barriers to dispatch recognition of cardiac arrest. Resuscitation. 2020 Jul 13;S0300-9572(20)30275-6. Online ahead of print.

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